ENTREVISTA

Entrevista com a Banda Laggus

Reflexões sobre o Som, o Processo Criativo e o Cenário do Rock Independente


Data: 29/11/2024 Hora: 16:23 Por: Redação da Edge

Em uma conversa descontraída e sincera, a banda Laggus compartilhou um pouco de sua trajetória, influências e os desafios que enfrentam como uma banda independente no cenário musical. Desde o significado por trás do nome até os planos para o futuro, a banda falou sobre como a música se transforma à medida que vivenciam novas experiências e como se esforçam para criar composições significativas.

Edge Rocks = "Laggus" é um nome marcante. Qual é a história ou o significado por trás dele?

Laggus = Olha... adoraríamos ter uma história mirabolante para contar sobre isso... rsrs... Que pesquisamos bastante, que tem um significado super importante para a história da humanidade. Mas, a verdade, é que não passou de uma tentativa com as iniciais dos nomes de cada integrante. Queríamos um nome curto, de fácil memorização e com pronúncia em português.

Edge Rocks = Seu estilo tem uma grande variação, mas atualmente vocês estão no Metal Alternativo. Como essa transição aconteceu e o que inspirou essa direção atual?

Laggus = Foi algo bem natural. Acreditamos que o nosso som muda à medida que vamos vivendo novas experiências, escutando coisas novas ou revisitando coisas antigas. Temos bastante dificuldade em classificar o tipo de som que fazemos. Apenas fazemos! rsrs... Não houve um direcionamento específico, não decidimos que, a partir de um dado momento, iríamos fazer um som mais assim ou “assado”. Simplesmente foi acontecendo.

Edge Rocks = As letras em português são um diferencial. Qual a importância de compor na língua nativa para a banda?

Laggus = Uma importância gigantesca! Até porquê, apesar de falarmos inglês, por exemplo, nos sentimos mais confortáveis em escrever no idioma o qual dominamos. Outro ponto muito importante é o fato de realmente nos preocuparmos em escrever algo que faça sentido, que transmita alguma mensagem. O grande exemplo disso é o nosso mais recente álbum, GRIS, que é conceitual, abordando temas a cerca de fragilidades emocionais e saúde mental. É um ponto o qual acreditamos que necessita ser debatido. Conversamos muito, entre a gente. Costumamos ter esses papos mais “filosóficos”, ideológicos. Por isso, damos tanta atenção às letras, quanto ao instrumental. Acreditamos que ainda existe um público que tenha interesse em consumir música com um pouco mais de atenção, com menos superficialidade.

Edge Rocks = O álbum GRIS tem um título bastante diferente. Qual é o conceito ou a mensagem central desse trabalho?

Laggus = GRIS aborda diferentes fazes de um colapso emocional. O nome sugere um dia nublado, em que normalmente nos convida a refletir mais. Existem algumas mensagens mas, a ideia principal, é de acolher. Pessoas que passam por momentos como esses, geralmente, se sentem sozinhas, como se mais ninguém as entendessem, não enxergando muita saída e aumentando o desespero. O GRIS é uma espécie de “Eu entendo como você se sente.”. Não temos a pretensão de curar pessoas. Mas nós, artistas da Laggus, que temos o dom e formas para nos expressar, entendemos a responsabilidade de criar mensagens que façam sentido. Procuramos ter o máximo de cuidado e esmero com as nossas composições. Existem pessoas que querem apenas algum som para beber e curtir e não há nada de errado nisso. Mas, também, existem pessoas que querem algo para prestar atenção, algo para se identificar e, até mesmo, que sirva de alento para um momento específico e nós estamos aí para servir a esse público.

Edge Rocks = Vocês lançaram dois singles este ano. O eles representam em termos de evolução musical ou temática da banda?

Laggus = “Fora do lugar” e “Um pouco de paz” são complementares, assim como todas as demais músicas do GRIS. Cada uma aborda uma nuance de fragilidade emocional e mental. Em termos de mensagem, uma é mais como um desabafo, enquanto a outra é um grito desesperado por ajuda. Em termos musicais, ficamos muito felizes e orgulhosos por conseguir transmitir essa sensação em cada riff, em cada parte da música. Também percebemos e acreditamos que evoluímos, enquanto compositores.

Edge Rocks = Sendo uma banda independente, quais os maiores desafios que vocês enfrentam no cenário underground?

Laggus = São vários, infelizmente. Ainda esbarramos na questão de “bolhas”. Mesmo sendo tudo rock, ainda há um pensamento de segregação, a depender do quão pesado é o tipo de som que você faz. Somo do Rio de Janeiro, um lugar que não tem o rock como tradição. Por conta disso, as poucas casas que ainda resistem, na sua maioria esmagadora, privilegiam bandas covers/tributos, por questões comerciais, a conta precisa fechar. Não podemos deixar de falar de produtores, também. Estes, que têm uma grande influência no que ainda resta de cena, acabam optando por números mais expressivos de seguidores em redes sociais ou plays nas plataformas de streaming. Acaba se resumindo a quantidade do que qualidade, sendo que vivemos numa época em que esses números são facilmente contornáveis, basta comprar um pacote de pseudo seguidores ou ouvintes. Com isso, a roda não gira, acaba sendo mais do mesmo, não há renovação. Mas, se a banda autoral conseguir resistir a isso tudo, talvez consiga uma rara oportunidade de tocar num domingo, às 23h (ou 13h...), 20 ou 30 minutos e tendo que levar todo o seu equipamento (ou grande parte), com um valor de entrada entre R$ 15 a R$ 20, sem receber absolutamente nada. E, óbvio, sempre existe o fator custo. Vivemos em um país onde fazer música, sobretudo rock, custa caro, pois são instrumentos e insumos. Tudo é caro, desde uma guitarra, pedais e, até mesmo, um jogo de cordas. Equipamentos são caros, gravar em um estúdio, sem o aporte de uma gravadora, é caro. Por conta disso, todos os nossos trabalhos são feitos por nós mesmos. Nós gravamos em casa, com bastante suor e dedicação. Os clipes seguem a mesma linha, nós que fizemos tudo, não houve contratações de produtoras, roteirista, etc. Foi tudo artesanal.

Edge Rocks = O processo de composição é mais coletivo ou cada integrante traz suas próprias ideias? Como funciona o trabalho em grupo na banda?

Laggus = Não existe muito um padrão. Geralmente, alguém chega com uma ideia inicial, um embrião. A partir disso, vamos desenvolvendo juntos. Mas também pode acontecer de alguém chegar com uma ideia já bastante avançada. Nos conhecemos e nos respeitamos muito enquanto músicos. Cada um sabe por onde o outro “caminha”, como vai desenvolver uma ideia. Isso facilita muito, a ponto de, definitivamente, não termos dificuldade em termos de composições. Somos uma terra bastante fértil!

Edge Rocks = Quais bandas ou artistas influenciaram o som e a identidade de Laggus ao longo dos anos?

Laggus = Cada um de nós gosta mais de uma vertente, em específico. Até mesmo sem ser rock. Temos gostos que vão de heavy metal a pop, hip hop. Artistas como Deftones, Avenged Sevenfold, System of a down, Guns ’n Roses, Dream Theater, Staind, Breaking Benjamin, Alter Bridge, Foo Fighters estão na nossa prateleira. Assim como Backstreet Boys, Usher, Bruno Mars e, óbvio, Michael Jackson!

Edge Rocks = Há planos para novos lançamentos, shows ou turnês em breve? O que os fãs podem esperar do futuro da banda?

Laggus = Com certeza! Já temos algumas cartas na manga e projetos em andamento. Para o próximo ano, estamos planejando nos aventurar por terras além do Rio. Também para o próximo ano, mais alguns lançamentos, novas músicas!

Edge Rocks = Por fim, que mensagem vocês gostariam de deixar para os fãs que acompanham Laggus e para aqueles que ainda vão conhecer o som de vocês?

Laggus = Como banda independente e fazendo um som autoral, é vital que tenhamos espaço como Edge Rocks para mostrarmos nosso trabalho. Agradecemos muito, de verdade! Para os leitores, entendam que o rock é um ritmo gigante, senão o maior do planeta. Não existe essa coisa de “se não é pesado, não é rock”. Precisamos acabar com esse pensamento e unir cada vez mais. O rock está longe de estar morto. Muito pelo contrário, está aí e lutando. Temos uma cena efervescente, com muita banda fazendo trabalhos dignos. Pra isso, é extremamente importante o apoio. Apoiem a cena! Não esperem a banda furar a bolha, ajude a furar. Tem muita coisa boa, aí, que depende, sim, da ajuda de cada um que acompanha. Para às pessoas que não conhecem o nosso som, apenas separem um pequeno tempo e se deixem levar pela nossa música. Com certeza, terá algo ali que vai te agradar! E, para quem já conhece o nosso som, continuem nos apoiando, precisamos de vocês! E vem mais, muito mais por aí!

Você pode ouvir o som da banda aqui na Rádio Edge Rocks e também nos links abaixo:

Spotify: https://open.spotify.com/intl-pt/artist/4wK0C4mXVIO5gnKzyqu2Bi?si=MRvL9QffShWg71D6j1GY5w


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